Saborear a humidade matinal durante a primavera é uma festa natural da natureza: os brancos, amarelos, lilazes e azuis, entre outras maravilhas das junções das cores primarias começam a emergir por entre as mesclas dos verdes e castanhos das zonas de montanha.
Sons ao longe começam a surgir com mais intensidade. São os passaros que acabam de chegar dos seus passeios migratórios e os que nunca de cá saem que abrem asas com mais vigor.
A terra húmida que reteve as chuvas do inverno deixam um cheiro no ar e o sentir no toque, próprio desta época.
Entre o debate do sol e das nuvens surgem manhãs que nos brindam com pastos frescos presenteados pelas noites húmidas para saboerear ao pequeno almoço a leveza que conservam .
Estes ciclos de hoje jã não são os ciclos de outrora, onde as estações eram mesmo estações, onde o verão era Verão e o inverno, Inverno. Ciclos de uma época onde os nossos guarda-fatos eram alternados entre estações , com a roupa de verão e roupa de inverno .
Hoje temos invernos no verão, primavera no outono, dias cruzados fora de estação que reduziram os ciclos e momentos a espaços de tempo mais curtos. Hoje temos dias que de manhã, parecem tardes que já cheiram a noites.
Chamam a isto o efeito das alterações climáticas, mas mais parece o efeito da surdez e cegueira da humanidade que há mais de um século e meio continua a chamar progresso à destruição dos espaços naturais .
Aproveitemos então o que ainda nos resta para saborear, nem que seja o verão do inverno ou o inverno do verão.